25 de julho de 2015

[Resenha] O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas



O Conde de Monte Cristo
Le Comte de Monte-Cristo
Alexandre Dumas
ISBN-13: 9788537801130
ISBN-10: 8537801135
Ano: 2008 / Escrito em 1844
Páginas: 1376
Editora: Zahar



“Recuando no passado, esqueço o presente;
 percorrendo livre e independente a História,
 esqueço-me de que estou preso”.
(ALEXANDRE DUMAS,
in: O conde de Monte Cristo, 1844)

Falar sobre clássicos é sempre uma tarefa difícil por causa de sua complexidade, afinal sobreviveram ao crivo do passar dos anos por algum motivo. Mas não temam! A complexidade da obra “O Conde de Monte Cristo” (Alexandre Dumas, Le Comte de Monte-Cristo, 1844, Editora Zahar) reside na qualidade de seu enredo e não na dificuldade da leitura.
Ilha de Montecristo
A escrita é acessível e flui fácil pelas, inicialmente intimidantes, 1376 páginas. Sim, você leu certo! São mais de mil páginas que em algumas edições podem ser separadas em dois volumes, mas cada parágrafo é recompensador.

Em 1815, o jovem marinheiro francês Edmond Dantès retorna com sucesso de uma navegação em que o capitão adoece e morre. Provando sua competência e lealdade, se torna o capitão substituto da sua embarcação. Aproveitando a promoção e a perspectiva de um futuro brilhante, o apaixonado Edmond apressa seu casamento com a bela catalã Mercedes, mas seus planos são bruscamente interrompidos ao se ver no centro de um complô gerado por diversos motivos, entre eles inveja, ciúmes e segredos de famílias influentes que resultam em sua prisão. Pego no meio da paranoia criada pela instabilidade política provocada por Bonaparte e o rei francês, o ingênuo Dantès é encarcerado em uma masmorra no Castelo d’if sem direito de defesa.

Alexandre Dumas, autor também de “Os Três Mosqueteiros”, explora um dos momentos mais conturbados da história francesa em que Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Elba, movimenta suas peças para destronar Luís XVIII. Foi esse clima de incertezas que possibilitaram as delações sofrida por Edmond Dantès, do mesmo modo que ocorreu em várias épocas, sendo a “caça às bruxas” contra os comunistas durante o Macarthismo nas décadas de 1940 e 50 nos Estados Unidos um dos mais marcantes exemplos.

O governo bonapartista dura apenas 100 dias, mas Edmond Dantès passa 14 anos trancafiado. Nesse tempo tem que lidar com todas as fases de luto por sua antiga vida perdida até encontrar o abade Faria, seu vizinho de cárcere.

Um tipico homem renascentista, versado nos mais diversas ciências e línguas, o abade faz do inculto marinheiro seu pupilo enquanto ambos mantem a esperança de que seus planos de fuga sejam bem sucedidos. Ao escapar da ilha, Edmond herda do velho prisioneiro, além da sabedoria, o tesouro escondido na Ilha de Monte Cristo que lhe proporciona engendrar sua vingança.

Personificando o Conde de Monte Cristo, Dantès ludibria e manipula para alcançar seus objetivos, se tornando um anjo vingador a serviço da providência divina ou, como alguns diriam, colocando o destino de volta nos trilhos. Nessa parte fica impossível largar o livro até descobrir os desdobramentos de sua desforra, que nem ao menos poupa os descendentes de seus antagonistas.
Jim Caviezel

Os personagens secundários são muito bem construídos, o que torna o livro tão superior a todas as adaptações cinematográficas, mesmo as bem produzidas como a versão de 2002 estrelada por Jim Caviezel. Confesso que gostava desse filme, mas após ler o original, percebi que a obra foi mutilada em busca da simplificação. Falando em deturpação, o prêmio provavelmente irá para a série de sucesso americana de 2011 “Revenge” que é uma espécie de variante feminina e atual da trama de Dumas.


A história real do próprio pai de Alexandre Dumas serviu de rica inspiração para seus livros. É isso que relata o biógrafo Tom Reiss na recém lançada biografia sobre o pai do escritor (“O Conde Negro - Glória, Revolução, Traição e o Verdadeiro Conde de Monte Cristo”, Editora Objetiva, 2015, 496 páginas). Filho de uma escrava com um conde, tornou-se um importante comandante da Revolução Francesa até acabar seus dias enclausurado e esquecido em uma prisão. Neste caso as semelhanças entre o conde real e o da ficção não são mera coincidência. Será que a obra-prima de Alexandre Dumas foi o caminho que o autor encontrou para lidar com seu drama familiar e vingar o pai, nem que apenas nas páginas de seu livro? Eu acredito que sim!
Excelente!

O Conde de Monte Cristo em:

21 comentários:

  1. Ótima resenha!! Ainda não li o livro, apenas vi o filme, mas pretendo ler com certeza!!
    Obrigada pela visita!
    Beijos!

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    1. Eu só conhecia o filme também, porém o livro é infinitamente melhor.
      Beijos e obrigada pela visita!

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  2. Oi Willow!
    Ainda não li o livro, mas já vi o filme e gostei bastante. Não sabia que era baseado na história do pai do Dumas, que interessante!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Só descobri a relação com o pai de Dumas quando lançaram a biografia nesse ano.
      A trama fica ainda mais interessante!
      Beijos!

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  3. Ola!
    Tenho vontade de ler esse livro. Parece bem interesante. A ver se podo le-lo este verán.
    Beijos.
    http://abracalibro.blogspot.com.es

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  4. Oi, Willow! Tudo bem? Eu tenho muita vontade de ler esse livro, adoro a premissa da história! <3 E saber que a obra inspirou Revenge me deixa com ainda mais vontade de ler a obra! :) Adorei a resenha!

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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    1. Esse livro é obrigatório para os fãs de Revenge, Tony!

      Abraços!

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  5. Sempre ouvi muito bem sobre esse livro, mas não tinha tanta vontade de ler pelo tamanho dele, requer muito tempo que por enquanto não tenho, mas sua resenha está ótima! Parece ser um livro incrivelmente interessante e até "rápido" de ler.

    Beijos,
    http://www.girlbeinggeek.com.br/

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    1. Quando peguei o livro pela primeira vez não sabia que iria ler tão rápido.
      Foi uma grata surpresa!
      Beijos!

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  6. Primeiro, obrigado pela visita no meu blog. Estarei sempre por aqui agora.
    O filme sobre esse livro é ótimo! Gosto muito!

    http://www.jj-jovemjornalista.com/

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    1. O livro é ainda melhor que o filme :)

      Obrigada pela visita!

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  7. Ótima resenha, parece ser muito interessante!
    www.winterbird.com.br

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  8. Oie! "O conde de monte cristo" é meu sonho de consumo desde que vi o filme, mesmo que ele não expresse tudo que o livro oferece foi o meio pelo qual conheci a obra. Agora, eu sabia que era grande, mas mais de 1300 páginas não era nem perto da minha estimativa! kk
    Anna - Letras & Versos

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    1. Olá Anna!
      Eu também conheci primeiro o filme e gostei muito.
      Nem parece que são 1300 páginas... rsrs

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  9. Eu sou apaixonada pelo filme!
    Uma história magnifica!
    Minha mãe sempre me fala para ler o livro, pois ela leu e ama!
    Talvez eu arrisque... gostei tanto do filme que tenho medo de me decepcionar rs
    Beijos
    Dri

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    Respostas
    1. Olá, Dri!
      Acredito que sua mãe tem toda a razão: recomendo a leitura. Você vai amar!
      Beijos!

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  10. Este comentário foi removido pelo autor.

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